20030824

Ontem completou um mês do dia do acidente. A recuperação vai bem, mais umas 2 ou 3 semanas e eu já devo começar a fazer fisioterapia... tenho lido bastante, vendo filmes, mas já estou cansado de ficar o dia inteiro sentado ou deitado. Mas isso também já passa. A dor na costela continua, mas segundo o médico, ainda vou ficar com ela por mais alguns meses...

20030805

Fênix ou Pinhead?


Então vamos lá. Chegou a hora de escrever aqui o que realmente aconteceu comigo. Muita gente já ouviu a história, mas muita gente ainda não sabe bem o que houve.

Na quarta-feira, dia 23 de julho, eu sofri um acidente sério de carro, indo de casa para o trabalho. Não eram 9 da manhã ainda, e eu estava indo para o cliente onde estive alocado nos últimos meses, perto do Riocentro. Estava dirigindo tranquilamente, a menos de 70km/h, já que no dia anterior eu tinha saído mais cedo por causa de uma gripe, e a chave do armário onde eu guardo o notebook ficou lá, então estava "passeando" pra ver se chegava umas 9:10 ou 9:15, dando tempo de chegarem com a chave pra mim.

Então lá estava eu, feliz e contente passeando, chegando perto da "Cidade do Rock", onde teve o Rock In Rio, ouvindo meu Everclear, quando de repente ouço um barulho vindo de fora do carro, e vejo um outro carro, prateado, vindo em alta velocidade na minha direção, por cima do canteiro central da rua, levantando terra pra tudo quanto é lado. As últimas coisas que lembro desse momento foram "Acho que se for para a direita eu consigo desviar", pisei um pouco no freio, girei um pouco o volante para a direita, e depois "Ai, não deu".

Fade to black

Logo depois abro os olhos com alguma dificuldade e vejo alguém rasgando a perna da minha calça. Sem entender direito o que está acontecendo, olho em volta e vejo o nome da pessoa bordado acima do bolso da camisa: Guttenberg. Com alguma dificuldade consigo perguntar "O que que... que que houve?". "Você sofreu um acidente de carro, um outro carro bateu de frente em você, mas está tudo bem. Você está sendo levado para o Lourenço Jorge agora.". "Que horas são?". "Umas 9:15".

Eu me lembrava da imagem do carro prateado vindo na minha direção, mas não sabia ainda se tinha realmente acontecido, ou se eu estava sonhando ou algo parecido.

Fade to black

[continuação da atualização, em 9/8]

Não me lembro de ter visto quando cheguei ao hospital, a próxima coisa que me lembro já é de dentro da emergência do Lourenço Jorge, eu ainda atordoado, com pessoas estranhas ao meu redor, e eu sem saber se aquilo estava mesmo acontecendo. "Quando é que eu vou acordar?" Me dei conta de que aquilo tudo tinha realmente acontecido quando meu pai pôde entrar na sala onde eu estava, e veio falar comigo, dizendo que minha irmã já estava chegando, minha mãe estava do lado de fora, e ele estaria indo até o local do acidente para ver como estava o carro e o que precisaria fazer.

A partir desse ponto, não "dormi" mais, consegui ficar acordado até o final do dia (e que dia longo!). Me deram injeções de antibiótico, anti-tetânica, e começaram a me explicar como eu estava. Tinha um corte relativamente profundo no joelho direito e um outro no supercílio esquerdo, que teriam que ser suturados, e no joelho esquerdo uma suspeita de fratura. Lavaram os cortes, e comecei a fazer exames. Radiografias pra ver se tinha mais alguma coisa quebrada. Apesar das dores no peito, só se confirmou mesmo a fratura do joelho esquerdo. A essa altura já tinham aparecido por lá minha irmã, o marido dela e um amigo nosso, todos médicos e me dando suporte e dizendo o que tinha acontecido e o que mais poderia acontecer. Os médicos do Lourenço Jorge disseram que se fosse possível, era aconselhável que eu fosse transferido para um hospital particular, e que as suturas fossem feitas lá. Então meus pais começaram a tentar me transferir para o Barra D'Or, que fica perto do Lourenço Jorge, e aceita meu plano de saúde. Só que não tinha vagas lá, então conseguiram uma vaga no Copa D'Or. Esperamos por cerca de uma hora para a ambulância chegar, e fomos então para o Copa D'Or. Chegamos ao Copa D'Or por volta de 16h!

Chegando lá, começou tudo de novo. Colocaram novamente o colar cervical no meu pescoço e resolveram refazer todos os exames que já tinham sido feitos no Lourenço Jorge. A sutura no joelho direito foi feita, e disseram que não seria necessário suturar o supercílio. A sensação na perda quando estavam suturando era muito estranha, porque deram uma anestesia no local, então eu não sentia dor nenhuma, mas sentia a carne sendo puxada, era muito incômodo...
Para cada exame que seria feito (novas radiografias, ultrassonografia, tomografia computadorizada) era uma espera sem fim. E o colar cervical, que segundo as radiografias do Lourenço Jorge já não era necessário, me dando uma dor nas costas insuportável. Disseram que tirarariam se as radiografias não indicassem nenhuma lesão na coluna. As radiografias foram feitas, não foi confirmada nenhuma lesão na coluna, mas mesmo assim ainda não tiraram. Fiquei com aquilo no pescoço até as 8 horas da noite!

No final das contas, a ;unica coisa que foi confirmada foi mesmo a fratura na patela do joelho esquerdo, e com isso tive que imobilizar a perna, e então poderia ir pra casa. O médico responsável pela emergência do Copa D'Or não deu nenhuma recomendação a mais, não receitou nada para dor ou coisa parecida, e me mandou embora. Disse que eu poderia até mesmo sair andando!! Saí do hospital, e tentamos entrar no carro, mas eu não conseguia me apoiar na perna direita, que ainda estava muito traumatizada, afinal de contas o acidente tinha sido no mesmo dia. Resolvemos pedir outra ambulância para me trazer para casa, que só chegou depois de mais 1 hora e meia... E pra fechar com chave de ouro, o túnel estava fechado, e tivemos que passar pela Av. Niemeyer. Só consegui chegar em casa à 1h da manhã, e até conseguir me deitar na cama e me ajeitar para dormir, mais meia-hora. COmo disse, o dia foi muito longo.

Passei a tomar um anti-inflamatório receitado pela minha irmã para ver se melhorava um pouco as dores, que ainda sentia nas pernas e em todo o torso. Eu sentia todo o cinto de segurança no meu peito, e os hematomas confirmavam isso. Desde o hospital que eu reclamava também de uma dor na costela do lado esquerdo, que os exames não indicaram nada, mas que ainda hoje dói. Mas a partir daí começou a recuperação.

Na semana seguinte veio um ortopedista aqui para começar a fazer um acompanhamento, e me deu 6 semanas de licença, com a perna imobilizada. O Fábio me emprestou um par de muletas que tinha em casa, e estou caminhando um pouco dentro de casa, mas muito devagar e com muito cuidado. No início era mais difícil, porque ainda estava com muitas dores no joelho direito, e era difícil colocar todo o peso do corpo sobre ele. Agora já está melhorando.

Quanto ao carro, essa semana saiu o veredito oficial do seguro do outro, que assumiu tudo: perda total para ambos. Meu pai tirou algumas fotos, e por elas eu pude ter a noção do tamanho da batida, que não tinha antes porque não cheguei a ver o carro, já que fiquei um tempo desacordado. É realmente assustador o estado em que o carro ficou.

E acho que é mais ou menos isso, estou me recuperando, ainda com algumas dores, dificuldade de locomoção, etc, mas aos poucos vou melhorando. Essa semana já me mandaram trabalho para fazer em casa, que eu fiz normalmente e em tempo hábil, então já estou voltando à ativa. É um pouco desconfortável ficar aqui no computador por muito tempo, por causa da posição que tenho que ficar com a perna imobilizada, mas algumas poucas horas por dia me mantém em contato com os amigos e ajuda a mudar um pouco de ares.

E também quero aproveitar aos meus amigos, aqueles que me ligaram ou entraram em contato para saber notícias e me dar apoio, vocês sabem quem são e sabem que vão poder contar comigo também quando precisarem, assim como eu posso contar com vocês agora. Obrigado mesmo!!

np: "Born Again", Badly Drawn Boy

20030802

Sim, eu estou vivo. Mas não vou escrever muito agora não... depois conto direito o que houve, ok?