20030519

Rindo da desgraça dos outros...


E então ela se foi, mais uma vez. Dessa vez é por menos tempo, mas mesmo assim...
Fui vê-la no aeroporto e agora só segunda-feira que vem (se eu estiver no Rio, naturalmente -- ainda tem disso!).

Ontem o Pedro tinha me chamado pra ir hoje assistir Tiros em Columbine, então como ela não estava muito interessada em ver este filme, eu fui. Só que, chegando lá, ainda ficamos esperando um pouco para encontrar uma amiga dele, e o filme lotou. A opção então foi ver Embriagado de Amor, o novo do Paul Thomas Anderson. A Fernanda estava querendo ver este também, mas acabei vendo com eles, pra não perder a viagem. Mas se ela quiser ver, eu vejo de novo, porque o filme é muito bom. Muito bom mesmo. Quem lê o que eu escrevo por aqui, ou me conhece um pouco melhor, já sabe da minha quase-devoção ao Magnolia (que, apesar das 3h15m eu não me canso de ver), e esse filme, apesar da temática bem diferente, me fez apreciar ainda mais o trabalho do P.T.A. Agora fica como dever de casa assistir "Boogie Nights" direito.

Estão categorizando o filme como "comédia romântica", mas não é exatamente. É um romance, sim, mas não exatamente uma comédia. Sim, tem o Adam Sandler no papel principal, mas ele não está fazendo comédia. O filme é sobre um cara muito triste e bastante perturbado, e as pessoas que vão ao cinema riem disso. Riem da desgraça dele. Por exemplo, quando ele não entende bem o que a namorada diz sobre "querer morder as bochechas dele", e ele responde que gostaria de esmagar a cara dela com um martelo, todo mundo ri, mas isso não é comédia. Isso é triste.

Umas dez pessoas saíram durante o filme, provavelmente estavam esperando ver "o filme novo do Adam Sandler", e não "o filme novo do P. T. Anderson", que é mais próximo do que se pode esperar. Eu fui pra ver a segunda opção, e não me decepcionei.

É interessante que de uns anos pra cá eu tenho visto alguns filmes por causa dos diretories ou produtores, e tenho prestado mais atenção nesse tipo de coisa. Coisas como fotografia, por exemplo (sem contar música). E como eu já tinha gostado muito do que ele fez no Magnolia, fui ver esse querendo prestar muita atenção. É muito interessante como ele consegue deixar o espectador no mesmo "clima" dos personagens do filme. Por exemplo, logo no começo do filme, tem várias coisas acontecendo ao mesmo tempo no trabalho do personagem principal, e pra passar essa idéia a seqüência tem um ritmo louco, cortes excessivos, e correria pra todo lado. Quando o personagem principal está num estado, digamos, "deprimido", as cenas são (muito) escuras, e em outras situações são tão claras que ofuscam a vista. Num momento em que o cara surta no banheiro do restaurante, o som fica todo "estourado", dando a sensação de raiva que ele está passando.

E isso tudo faz da experiência de se assistir o filme ainda mais interessante.

Recomendo muito (mas não mais que Magnolia, obviamente...)

np: "He Needs Me", Shelley Duvall

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