20020603

A Pátria de Chuteiras


Como eu havia previsto, realmente teve algum idiota soltando fogos de artifício às 6h da manhã. Acordei com o foguetório, mas voltei a dormir logo depois. Soltaram de novo, e voltei a dormir. Até que deu a hora de acordar mesmo, e o rádio começou a tocar. Acordei ao som de "Pink", do Aerosmith (nhé) e depois "Meus Bons Amigos", do Barão Vermelho (melhor). Levantei e fui tomar o meu café da manhã, ainda sem saber como estava o jogo. Dei uma olhada na sala e meu pai estava assistindo o jogo, que ainda não tinha entrado no intervalo, mas nem me interessei em ir lá ver como estava. Quando terminei de tomar meu café e voltei pro quarto pra me arrumar, liguei de novo o rádio e estavam comentando sobre o jogo, que a essa altura já tinha entrado no intervalo. Fiquei sabendo, pela opinião dos comentaristas, que o Brasil não estava lá essas coisas, e que já tinha tomado um gol sem fazer nenhum. Então quer dizer que o sujeito que estava soltando fogos não fez isso nem pra comemorar gol do Brasil? Foi só pra me acordar, mesmo?? Desgraçado!!!

Quando estava saindo de casa, estava comeándo o segundo tempo do jogo, e assim que abri a porta teve uma jogada do Brasil em que quase foi gol, mas bateu na trave. Minha mãe me disse que não tinha ninguém na rua, e aí eu me toquei que o Brasil inteiro estaria dentro de casa assistindo o jogo a essa hora, e eu poderia ter dormido mais um pouco e deixado pra sair de casa no ônibus seguinte ao que eu costumo pegar. Mas eu já estava acordado e pronto pra sair, então resolvi ir assim mesmo. E, quando coloquei o pé pra fora da porta, o Brasil fez o seu primeiro gol na copa. Como minha mãe disse também, agora corro o risco de o meu pai me pedir pra colocar o pé pra fora de casa sempre que o brasil estiver mal das pernas em algum jogo.... =]

E, saindo do prédio, foi que eu vi que realmente as ruas estava praticamente desertas. Nem parecia 7h da manhã de uma segunda-feira. Algumas poucas pessoas fora de casa, mas o que se ouvia mesmo eram os gritos e os sons vindos dos apartamentos, acompanhando cada lance do jogo. Passei em frente à sala de musculação do condomínio, onde dois caras estavam assistindo ao jogo, e um gritava "Vai, Robertinho! Vai, Rivaldinho! É em cima dele! Mas que bolão! Ai! Ai! Aaaaiiiii!!!!". Alguém ouvindo isso fora de contexto poderia até pensar alguma outra coisa, mas era só o desespero comum a todos os fãs de futebol que acompanhavam o jogo.

Entrei no ônibus. O ônibus que pego para ir para o trabalho é do tipo "frescão", e tem 2 televisões que nunca são ligadas, mas que hoje estavam ambas "sintonizadas" no jogo da seleção. Além de mim, tinha mais uns dois passageiros no ônibus, e então saímos. Agora imagine só, como é a recepção de uma televisão comum -- dessas que a gente tem em casa -- dentro de um ônibus em movimento... pois é, parecia aquele sinal que é recebido do espaço no filme "Contato", cheio de chiado e chuvisco, e de quando em vez se distingue uma imagem ou outra. Ainda por cima, o fone do meu radim di pilha estava com defeito, então eu acabei "vendo" o jogo no ônibus mesmo.... E, como não tinha viva alma na rua, o ônibus chegou em Botafogo em incríveis 45 minutos! Exatamente quando o jogo estava acabando, e o Brasil fazia seu segundo gol. Pra quem não estava interessado em assistir, eu acabei vendo a metade mais importante do jogo pro Brasil...

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